Emma Whitehead foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda em 2010, com 5 anos. Com 6, estava perto da morte depois de recair duas vezes após a quimioterapia - os médicos estavam ficando sem opções.
Desesperados para salvá-la, seus pais procuraram um tratamento experimental no Hospital Infantil da Filadélfia (EUA). O tratamento em questão nunca tinha sido tentado em uma criança, ou em qualquer pessoa com o tipo de leucemia que Emma tinha.
O experimento, em abril, usou uma forma desabilitada do vírus que causa a AIDS para reprogramar geneticamente o sistema imunológico de Emma, a fim de matar células cancerosas.
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Depois de um tratamento conturbado, Emma terminou-o sem câncer. Cerca de sete meses depois, ela ainda está em remissão completa.
Ela é a primeira criança e um dos primeiros seres humanos a conquistar um objetivo há muito procurado: dar ao próprio sistema imunológico a capacidade duradoura de combater o câncer.
Ele espera que o novo tratamento substitua o transplante de medula óssea no futuro, um procedimento ainda mais árduo, arriscado e caro do que a nova técnica, e que é hoje a última esperança quando outros tratamentos falham em doenças como leucemia.
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A técnica
Para realizar o tratamento, os médicos removem milhões de células T do paciente, um tipo de glóbulo branco, e inserem novos genes que permitem que as células T matem células cancerosas.
A técnica emprega uma forma desabilitada do vírus HIV, porque ela é muito boa em carregar material genético para células T. Os novos genes programam as células T para atacar as células B, uma parte do sistema imunitário que fica maligna na presença de leucemia. As células T alteradas são então colocadas de volta no paciente, e, se tudo correr bem, se multiplicam e começam a destruir o câncer.
Um sinal de que o tratamento está funcionando é quando o paciente fica terrivelmente doente, com muita febre e calafrios - uma reação que os oncologistas chamam de síndrome da libertação de citocinas, ou tempestade de citocinas, referindo-se aos produtos químicos naturais liberados pelas células do sistema imunológico conforme ele está sendo ativado, causando febre e outros sintomas. Essa "tempestade" também pode inundar os pulmões e causar quedas perigosas na pressão arterial - efeitos que quase mataram Emma.
Esteroides às vezes facilitam essa reação, mas não ajudaram Emma. Ela ficou inconsciente e inchada, quase irreconhecível. Porém, uma bateria de exames de sangue deu aos pesquisadores uma pista sobre o que podia ajudar a salvar Emma: seu nível de uma das citocinas, a interleucina-6 ou IL-6, estava muito alto.
Eles usaram uma droga para artrite reumatoide para baixar esses níveis, e funcionou tão bem que mais tarde os cientistas usaram o mesmo fármaco, tocilizumab, em vários outros pacientes.
Em pacientes com remissões duradouras após o tratamento, a alteração de células T persistiu na corrente sanguínea, embora em menor número do que quando estavam combatendo a doença. Alguns pacientes têm as células alteradas há anos.
O futuro
Os pesquisadores da Pensilvânia ficaram surpresos ao descobrir que uma grande empresa farmacêutica estava interessada em seu trabalho, porque um novo lote de células-T deve ser criado para cada paciente, uma estratégia muito diferente das manobras comerciais de produtos como o Viagra ou medicamentos para o colesterol, em que milhões de pessoas tomam o mesmo medicamento.
Mas a Novartis está tomando um caminho diferente com medicamentos contra o câncer: a empresa está à procura de tratamentos com um impacto grande e inconfundível em um pequeno número de pacientes. Tais drogas podem ser aprovadas mais rapidamente e de forma eficiente.
No entanto, tais medicamentos tendem a ser extremamente caros. Um exemplo é a droga Glivec, da Novartis, que ganhou rápida aprovação em 2001 para uso contra certos tipos de leucemia e tumores gastrointestinais: pode custar mais de US$ 5.000 (cerca de R$ 10 mil) por mês, dependendo da dosagem.
A produção de células-T projetada custa cerca de US$ 20.000 (R$ 40 mil) por paciente - menos do que o custo de um transplante de medula óssea. Ampliar o procedimento deve torná-lo ainda mais barato - porém, esse cálculo não inclui qualquer margem de lucro.
Por enquanto, mais pesquisas são necessárias para descobrir porque os pacientes respondem de forma diferente ao tratamento, e porque ele não funciona em alguns.
Até agora, as células T alteradas só mostraram uma desvantagem: elas destroem as células B saudáveis, bem como as cancerosas, deixando os pacientes vulneráveis a certos tipos de infecções. Por isso, Emma e os outros pacientes precisam de tratamentos regulares com imunoglobulinas para prevenir doenças.
Fonte: HypeScience
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